sexta-feira, dezembro 18, 2009

Depois de dar umas beliscadas em "Jogo de Damas" de David Coimbra, leio uma notícia sobre duas mulheres violentadas em suas casas - uma por um ladrão e outra pelo namorado (esta já com 59 anos de idade).

Posso concluir que o mesmo detalhe que dá tanto poder à mulher também é o que pode lhe conceder o maior infortúnio.

E, neste momento, lembro de duas cenas marcantes de estupro da ficção: Ana Terra, que enfrenta os invasores de sua casa para proteger a família - me nego a descrever uma cena tão dolorosa - na obra O Continente ( O Tempo e o Vento) de Érico Veríssimo e a irmã de Joana D'Arc (filme de Luc Besson), que dá seu esconderijo para salvar a caçula e acaba passando por um misto de estupro e necrofilia (uma cena nada suave nem agradável).

Confesso que é uma das coisas que mais me dão medo de andar na rua, falar com gente estranha, ficar só em casa. Se levarem meu querido computador, meu utilíssimo carrinho, minha amada motinho... estão levando algo que não lhes pertence, mas que posso substituir.

E o que fazer com a memória de quem sofreu violência sexual? Quando menos se espera a lembrança vem à tona, e daí?

Na verdade, o que realmente eu não consigo entender é que alguém seja capaz fisicamente de violentar uma pessoa, veja bem: em que momento o sujeito que foi surpreendido roubando a casa teve uma ereção? Como? Ele deveria ter medo, ou raiva, mas como ocorreu o desejo pela pobre vítima?

Não me parece humanamente possível.

O pior é que justo nessa hora, o sujeito não brocha. Com toda a pressão psicológica da situação.

Incrível o nível animalesco, instintivo da sexualidade masculina.

Por uma vagina homens matam ou morrem. Dominam ou sucumbem. Divaguemos, então...